Uma camiseta cavada da Princesa Mononoke, caras barbados e filmes legais

Qualquer semelhança com a realidade...

Ela estava encostada na parede do metrô, ao lado da porta. Pensava em algo aleatório, como unicórnios ou o livro que pediria ao pai naquele mês. Seus olhos estavam focados em um ponto qualquer do transporte, saindo do transe apenas quando algumas mechas de seu cabelo cacheado escapavam de seu coque frouxo.

—Gostei da sua camiseta. — Ouviu uma voz próxima, e se virou num reflexo em direção a ela. Era um homem alto, moreno e que tinha uma barba espessa. Normalmente ela pensaria que sem a barba ele ficaria muito melhor, mas se surpreendeu quando pensou que até combinava com ele.

Demorando um pouco para assimilar o que ele disse, olhou rapidamente para a camiseta que usava. Era estampada com um pôster da Princesa Mononoke, e as mangas cavadas iam até a metade das costelas. Era uma de suas camisetas favoritas.

— Obrigada. Você já assistiu o filme? — perguntou, sorrindo simpática para ele, que retribuiu.

— Sim, é um dos meus preferidos. Gosta dos filmes do Studio Ghibli?

Por um momento, pensou que tinha um som de descrença na pergunta do homem. Será que ele era um daqueles caras ridículos que pensavam que garotas não podiam gostar de animes? Ficou receosa em ele ser um babaca que estava perguntando aquilo só porque achava que ela era poser e queria envergonhá-la.

Mas, tão rapidamente quanto o pensamento passou, ele foi embora. Não poderia ser ridícula e julgá-lo sendo que ele nem tinha dito nada de mais.

— Claro! Principalmente as obras do Hayao Miyazaki! Eu amo “O Castelo Animado”! — respondeu, os olhos brilhando enquanto falava. Será que tinha finalmente encontrado alguém com quem conversar sobre seus filmes favoritos?

O homem parecia pensar o mesmo, e ambos quase pareciam crianças conversando sobre suas animações favoritas. Os assuntos iam desde os animes que ambos gostavam até seus filmes da Disney favoritos. Falaram sobre as histórias, os personagens, os traços, as trilhas sonoras... Nem perceberam quando chegaram à estação final. Saíram do metrô e continuaram a conversar nas escadas rolantes, e a conversa teve que se encerrar quando perceberam que iam para direções diferentes.

Despediram-se sorrindo, cada qual indo para um lado. Não sabiam os nomes um do outro, provavelmente nunca mais se encontrariam, mas sempre se lembrariam de uma das melhores conversas que já tiveram sobre os filmes que tanto amavam.

... É mera coincidência.

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