Sobre fones de ouvido

Que os meus tímpanos me perdoem, mas eu amo meus fones de ouvido. Ou melhor, eu amo ouvir música sem me sentir julgada.

(Na verdade, pensando melhor, eu sou mais julgada por dançar uma música que ninguém ouve além de mim, do que por ouvir ela em si.)

Mas, voltando aos fones, eu prefiro aqueles de borrachinha (sim, os que fazem mais mal para a audição), mas está entre meus projetos comprar headphones (é assim que se escreve essa joça?) porque é menos prejudicial para a minha saúde auditiva.

Eu gosto de colocar os fones e sentir o mundo sumir. Aí, eu fecho meus olhos e sinto um arrepio de prazer subir pela minha espinha. Às vezes, vem a vontade louca de cantar junto, ou de dançar com a batida. Às vezes, só dá vontade de escrever, ou desenhar, ou criar algo sobre o que isso me faz sentir.

Às vezes as imagens vêm sozinhas, longas ou em curtos flashes, e eu consigo visualizar uma história inteira em poucos segundos de beat. Às vezes eu crio coreografias elaboradas, ou imagino figurinos loucos.

E às vezes eu só olho ao redor e meus pensamentos vão em um fluxo que segue a melodia como um rio.

E eu gosto de sentir que estou alheia ao resto do mundo, sozinha em uma bolha invisível que só meus fones de ouvido podem me colocar. Na verdade, não totalmente sozinha, mas com a música e meus pensamentos.