um armário

a prateleira mais acessível armazenava os risos fáceis e a alegria momentânea em pequenos potes cheios de poeira colorida e brilhante. no fundo desta prateleira havia um pote maior, guardando pequenas estrelas de amor e carinho.

havia a gaveta do medo, tudo contido nela coberto cuidadosamente com um tecido grosso e preto, formas distorcidas dando relevo à cobertura.

havia o pote da preocupação, com pequenas pastilhas acinzentadas de gosto amargo; o da decepção ficava ao lado, com alguns comprimidos violeta no fundo.

a raiva era um líquido vermelho escurecido que beirava o marrom, que não chegava a preencher metade da sua garrafa.

a garrafa do orgulho estava quase totalmente preenchida por seu líquido dourado.

o baú da sinceridade guardava várias bolinhas de gude coloridas.

lágrimas eram cuidadosamente armazenadas em garrafas de vidro colorido, em um esquema de cores que as categorizava por emoção.

uma caixa continha vários óculos de ilusões, com diferentes formas e tamanhos e cores e significados.

certas coisas eram lacradas e enfiadas ao fundo para que ninguém visse, outras eram expostas numa fachada cristalina e enfeitada; tudo dentro do armário era organizado e bem compartimentado, tudo cuidadosamente escolhido para que nada fosse demonstrado exageradamente.

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