Melodia Suave

Ontem choveu e eu não consegui não pensar que eu poderia fazer minha própria cena triste de videoclipe, encostando na janela enquanto as gotas batem no vidro.

Não funcionou muito bem. Nenhuma música parecia ter a melancolia certa para uma cena dessas. Eu perdi a paciência rápido, e saí de perto da janela. A experiência só serviu para me fazer pensar que a chuva não é tão triste quanto fazem parecer os cantores de baladas românticas.

Ainda chovia quando eu voltei para a cama, confortável e com um gibi no colo, ainda levemente frustrada com minha tentativa mal-sucedida de encenar um videoclipe. Porém, encarando minha estante, lembrei que dias de chuva eram dias de ouvir Billie Holiday, e pensei com meus botões que um pouco de jazz não poderia fazer mal.

Não fez. Eu li todo o gibi com a voz de Billie Holiday acariciando meus ouvidos junto do bater das gotas d'água no vidro, e finalmente entendi o porquê de dias de chuva serem dedicados a ela.

Não fiquei muito tempo ouvindo-a após o término de minha leitura, no entanto. Não porque não gostasse mais do som, mas porque a chuva parara e eu queria olhar o céu, que antes de chover estava claro e de azul vibrante (maravilhas do verão).

Eu podia ver o céu da minha sacada molhada, o azul pálido e a luz tímida que vinha por trás das nuvens me contavam que não demoraria muito para chover um pouco mais. Peguei minha cadeira de praia e sentei no meio da sacada, não demorando muito para ouvir o coral da igreja da esquina alegrando o culto e acalantando meu coração.

Ah, as belezas das tardes de domingo...

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